Licença.

Creative Commons License
Insano by Raul is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Brasil License.
Based on a work at www.insanopoemas.blogspot.com.
Permissions beyond the scope of this license may be available at www.insanopoemas.blogspot.com.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Fetichismo e Vampirismo


Quando Anne Rice publicou seu primeiro romance das crônicas vampirescas, em 1976, certas características onipresentes nos meios literário e cinematográfico já persistiam por tanto tempo que acabaram absorvidas pelo folclore e tradição popular. Havia quem acreditasse naquilo e, conseqüentemente, quem desmentisse fervorosamente estes crédulos. Mas a natureza capitalista da cultura norte-americana tem horror ao eterno e, portanto, exigia reformas urgentes que cumularam na criação do ‘vampiro descartável’. Ou seja, para atender à incessante demanda por novidades e lucrar conforme as regras do mercado, todo escritor ou cineasta deveria inovar ou, ao menos, ridicularizar o passado para desvincular-se dele. Durante a década de 40 os filmes de vampiros passaram por tempos difíceis; é nesse período que os filmes de horror passam a ser salpicados de humor. Num primeiro momento, o cômico é dado pelas figuras grotescas, pelo bizarro, mas já nos anos 50 nota-se uma alteração no gênero que desemboca na sátira, onde o horrível é apresentado com zombarias e através de paródias. “Aquilo que causou horror a uma geração passou a ser risível na geração seguinte” [1]. O conde Drácula e demais monstros tornaram-se familiares e acabaram sendo os principais alvos da sátira. Por conta disso Anne Rice radicalizou investindo num amplo leque de capacidades inéditas para justificar a natureza sobre-humana do vampiro pós-moderno e endossou a vulnerabilidade à luz solar criada por Murnau ao mesmo tempo em que descartou os demais tópicos da tradição de sua época a exemplo da aversão a cruzes, morte pela estaca no coração, e a sublimação seguida de re-sublimação do corpo do vampiro para atravessar pequenas frestas, como buracos de fechadura. Tudo é classificado pejorativamente como nosense, bullshit [2]; termos propriamente traduzidos por Clarice Lispector como “absurdo”, “idiotice”, “burrice” [3]. Na famosa adaptação cinematográfica de Entrevista com o Vampiro (Interview with the Vampire, 1994), o belo vampiro Louis (Brad Pitt) acresce que tudo não passa de “histórias de um inglês louco”, ignorante do fato de que, embora tenha passado parte da vida em Londres, o escritor Bram Stoker (1847-1912) era de fato irlandês.

Felizmente nem todos negam por negar, sem dar nenhuma justificativa inteligente para aquilo que adota ou rejeita. Por exemplo, para reduzir a vulnerabilidade do vampiro contra miudezas que tornariam seu RPG inviável, Mark Rein•Hagen sugere que um fetiche, como alho e cruzes, não produz nenhum efeito por si só mas a fé absoluta nestes objetos fa-los-ia funcionar como canalizados de energia psíquica.

Crucifixos, água benta e outros símbolos religiosos devem ser ignorados — a Igreja sempre foi o primeiro refúgio dos mortais confrontados com coisas que lhes ultrapassam a compreensão — especialmente no passado. Contudo, cheguei a presenciar algumas raras ocasiões nas quais tais objetos foram capazes de causar um desconforto considerável. Nesses casos, seus portadores quase refulgiam de fé na Divindade, o que me leva a concluir que os objetos religiosos serviam de algum modo para canalizar o poder dessa fé. Ignores, todavia, os ardis do cinema, com seus candelabros cruzados e sombras de pás de moinhos.

As pretensas propriedades do alho, assim como do acônito e de outras ervas são, da mesma forma, mera superstição. Esses vegetais repelem os vampiros tanto quanto o fazem com a maioria dos mortais, a despeito da cantilena das mulheres que os vendiam. Como a Igreja, as curandeiras de aldeia era muito requisitadas para usar sua “magia” contra vampiros, obtendo os mesmos resultados pífios [4].

Mark Rein•Hagen foi autor de uma das maiores reformas no conceito de vampiro já produzidas. Porém, a necessidade de conjugar a fé ao uso de símbolos religiosos já vinha sendo discutida anos antes da publicação de Vampire Masquerdade, em 1992. Outra vertente assinala que o poder dos fetiches sobre os vampiros ou seus servos seria “um fenômeno puramente neurótico, devido a acreditarem que essas coisas possam feri-los” [5]. É exatamente isto que ocorre na comédia A Dança dos Vampiros (The fearless vampire killers, ou Pardon me but your teeth are in my neck, USA 1967), de Roman Polanski, onde um judeu se torna vampiro e não é afugentado pela cruz. Então, em seu lugar, o caçador utiliza eficazmente a estrela de Davi. No próprio romance de Bram Stoker, lemos que o protestante Jonathan Haker tinha ojeriza pelos símbolos católicos, mas aceitou um presente – um crucifixo – de uma bondosa aldeã apenas para que ela parasse de insistir que o levasse. Portanto, presume-se que Drácula só “respeita e se mantém distante” do fetiche empunhado por um incrédulo porque em vida o próprio conde fora católico [6]. Então temos uma curiosa situação onde um símbolo religioso desagrada ao humano e impressiona o vampiro que, por reprovar a si mesmo, é repelido não pela coisa, mas pela vergonha de pecar diante daquilo que lhe é sagrado.

Agora quem quer que conheça o costume religioso da velha nobreza austro-húngara, estendido a seus subordinados e dependentes, entenderá porque o Conde Drácula (que não deve ser confundido com sua fonte de inspiração, o Drácula histórico) temia o alho e uma infinidade de outras superstições. Eles davam muito valor à alquimia e às fórmulas mágicas do povo. Talvez mais do que o próprio povo.

O homem transformado em incenso

José Luiz Aidar e Márcia Maciel forneceram duas versões para a popularização do alho na tradição. Na verdade, uma delas se destina afastar humanos desagradáveis: “O alho poderia ter passado à história em função da estratégia das mães, que obrigavam as meninas a mastigarem-no para ficarem com mau hálito” [7]. Isso certamente teria esfriado o ânimo de um ávido vampiro por equiparação, Giacomo Casanova. Em sua auto-biografia o célebre charlatão conta porque se afastou de uma vítima:

Apesar de tudo, havia nele um não sei que de atraente que cativou dede logo a minha afeição e teria gostado de entreter-me mais longamente com ele, se o ativo cheiro de alho a exalar de sua boca não me mantivesse sempre à distância. Todos aqueles albaneses tinham os bolsos continuamente cheios de alho. Um simples dente desse tempero, para eles, era como um confeito para nós outros. E ainda há quem creia que o alho seja veneno! [8].

Certos povos chegaram a designar a planta como “rosa fétida”, devido ao seu odor forte e picante proporcionado pela essência de alho ou dialil sulfito (C3H5)2S. Quando consumido em quantidades elevadas, esse odor pode tornar-se evidente no suor de quem o ingeriu transformando a pessoa num repelente para olfatos sensíveis e, magicamente, numa espécie de incenso vivo. Porém, em Drácula o Dr. Van Helsing assegura a Lucy que suas plantas medicinais não seriam “transformadas numa repugnante infusão e tampouco numa simples beberagem” [9]. Ou seja, embora a boca dos mortos fosse enchida de flores não havia necessidade da vitima viva, ou de qualquer outra pessoa, mastigar alho cru em quantidade para proteger-se, como vemos no filme A Dança dos Vampiros, etc. Em verdade, o ‘alho’ mencionado no romance sequer é a planta que conhecemos vulgarmente pelo mesmo nome. Antes de aferrolhar as janelas da casa de Lucy, prender flores e esfregar este “alho muito especial” por todas as passagens de ar, Van Helsing lhe instrui:

Estas flores realmente são dotadas de um alto teor medicinal, mas a senhorita nem sequer desconfia como atuarão. Coloco-as em sua janela, tranço com elas um leve colar e o ponho em torno do seu pescoço, para que a senhorita possa dormir sem sobressalto. Oh, sim! Elas se assemelham bastante com as flores de lótus. Serão elas que a farão esquecer os seus tormentos. Elas nos impregnam com seu suave odor das águas de Leth, odor este haurido das cristalinas e eternas fontes da juventude que os audazes conquistadores tanto procuraram descobrir nas inexploradas terras da Flórida e só tão tarde localizaram [10].

No décimo terceiro capítulo Van Helsing revela que a planta com propriedades mágicas para afastar vampiros é o wild garlic (o Allium ursinum, em botânica) mas muito antes desta frase relâmpago a paciente Lucy faz tremendo estardalhaço contra a presença das plantas em sua casa, as quais chama enganosamente de alho-ordinário (Allium sativum). Por isto a memória do episódio mais marcante prevaleceu na tradição e todos os filmes e adaptações subsequentes trouxeram bulbos de Allium sativum trançados em réstias no lugar das flôres de Allium ursinum. A exceção é o Drácula de 1931, onde o conde interpretado por Bela Lugosi demonstra asco e surpresa diante de outra planta medicinal, a sinforina (Symphoricarpus racemosus).

Flôr de alho
Flores de Allium ursinum; planta usada por Van Helsing para repelir vampiros.

No filme Garotos Perdidos (Lost Boys, 1987) um vampiro ignorante de que, além de alho picado, uma banheira continha generosa quantidade de água benta, ri de seus tolos rivais e revela que “alho não adianta”. Morreu dissolvido por conta da água. Em A Hora do Espanto II (Fright Night II, 1988) os símbolos sagrados funcionam por si só. Porém, Regine Dandridge (Julie Carmen) se aproxima do velho caça-vampiros Peter Vincent (Roddy McDowall), o qual lhe impunha uma cruz, informando que ao longo dos séculos os vampiros adquiriram maior tolerância contra estes artifícios. O brasileiro Antônio Calmon se inspirou nestas duas fontes para sua novela VAMP, explicou a primeira pela segunda, e teceu uma teoria própria: Como os vampiros adquiriram imunidade ao pequeno Allium sativum tornou-se necessário confeccionar réstias de Allium cepa, ou seja, cebola. (Fora do campo da ficção, na ocasião do rebuliço pela expectativa de ressurreição de Sarah Ellen anunciada para em 9 de julho de 1993, os habitantes de Pisco, no Peru, também preferiram o alho-macho ou Allium porrum pelo seu grande tamanho). Como a trilogia Blade (1998), Blade II (2002) e Blade: Trinity (2004) deu mais importância ao grau de contato com o condimento do que ao tamanho do bulbo, o extrato de alho injetado diretamente na veia de pacientes infectados foi usado como vacina contra o vampirismo.

Orações, esconjuros e oblação parta a dissolução do duplo

Vemos em Aulus Persius Flaccus (Satyr. V) que morder alho afasta as magias ou os malefícios lançados pelos deuses àqueles que não os reverenciam [11]. No catolicismo o caráter sagrado de raízes bulbosas se limita à reverência ao alho-poró (Allium porrum), que está ligado ao Rei Davi, sendo honrado pelos galeses. Porém, todas as plantas aparentadas desfrutam de grande prestígio no campo da baixa magia. O jornalista de ascendência cigana Nelson Liano Júnior, co-autor do Manual Prático do Vampirismo, sugere que “convém ministrar ao paciente chás de alho e queimar incenso de sândado e pau-d’alho na casa inteira” quando alguém apresenta claros sintomas de vampirismo. Deve-se ainda recitar a seguinte oração antes de dormir:

Eu o renego, anjo mau, que com sua sede de sangue tenta me contaminar com a imortalidade dos infernos. Afaste-se de mim, em nome do Criador, pois minha alma quer trilhar os caminhos iluminados por Deus. Você me fez padecer, mas, com a ajuda do Onipotente, eu o esconjuro. Volte às trevas, por todos os tempos e tempos, e nunca mais toque meu espírito com suas artimanhas de sedução. Amém. [12].

O maior temor dos ciganos dirige-se aos Berufen ou “encantados”, ou sujeitos aos olhos do mal. Para combater esse problema enche-se uma jarra com água de alguma correnteza, que deve ser recolhida na mesma direção em que corre e não contra ela. Colocam-se dentro da Jarra sete pedaços de carvão, sete punhados de farinha e sete dentes de alho, colocando-se, a seguir, a jarra no fogo. Quando a água começar a ferver, deve-se mexer a infusão com um ramo de três pontas, enquanto a sábia repete:

Miseç’ yakhá tut dikhen,

Te yonkáthe mudáren!

Te átunci eitá coká

Te çaven miseçe yakháj

Miseç’ yakhá tut dikhen,

Te yon káthe mudáren!

But práhestár e yakhá

Atunci kores th’ávená;

Miseç’ yakhá tut dikhen,

Te yon káthe mudáren!

Pçãbuvená pçábuvená

Andre develeskero yakhá!


Que os olhos maus olhem para ti,

Que sejam extintos ali!

E em seguida, que sete corvos

Arranquem os olhos maus;

Que os olhos maus (agora) olhem para ti,

E que sejam extintos ali!

Que muita poeira caia nesses olhos,

Até que se tornem cegos,

Que os olhos maus olhem agora para ti;

E que sejam extintos ali!

Que ardam, que ardam

No fogo de Deus!

Segundo Charles Godfrey, os “sete corvos” provavelmente estão representados pelos sete pedaços de carvão, enquanto o ramo de três pontas, a farinha e o alho simbolizam os raios. “O ramo pode representar o triçula ou tridente de Siva – de onde possivelmente tenha vindo a palavra trushul, que significa cruz” [13]. Outra oração é recitada quando uma mãe cigana sente dificuldade em amamentar seja pela falta de leite ou pela pirraça do bebê que rejeita a nutrição. Em ambos os casos a culpa é atribuída à interferência de uma esposa-Pçuvus, tipo de espírito feminino da terra, que rouba o leite ou coloca secretamente seu próprio filho para sugá-lo. Neste caso é preciso por cebolas entre os seios das mães e recitar a seguinte fórmula mágica [14]:

Pçuvushi, Pçuvushi,

Ac tu náshtlályi

Tiro tçud ac yakhá,

Andre pçuv tu pçábuvá!

Thávdá, thávdá miro tçud,

Thávdá, thávdá, pamo tçud,

Thávdá, thávdá, sár kámáv, –

Mre cáveske bokhale!


Espírito da Terra! Espírito da Terra!

Ficai doente.

Que vosso leite seja fogo!

Que queime a terra!

Flua, flua, meu leite!

Flua, flua, leite branco!

Flua, flua, como eu desejo

Para minha criança faminta!

Descobrimos, em diversas poções difundidas em vários locais, a crença de que o alho possui poder mágico de proteção contra o envenenamento e a bruxaria. Segundo Plínio, essa crença vem do fato de que, quando o alho fica pendurado ao ar livre durante um tempo, se torna preto, ocasião em que acreditam que atraiu todo o mal para si – e que, conseqüentemente, retira esse mal da pessoa que o estiver usando. Nossos antepassados acreditavam que a erva que Mercúrio deu para Ulisses se proteger contra o encantamento de Circe e que Homero chama de moly fosse o alium nigrum, sendo o veneno dele retirado narcótico poderoso. Entre os gregos modernos, existe a crença de que o alho seja o encantamento mais poderoso contra os maus espíritos, a magia e a desgraça. E, por esse motivo, carregam-no consigo e penduram-no em suas casas como proteção contra as tempestades e o mau tempo. Os marinheiros costumam carregar um saco de alho, para evitar o naufrágio. Às vezes o alho é apenas representado. Se alguém quiser proferir uma palavra de louvor com a intenção de causar fascínio ou atrair um mal grita bem alto ‘Alho!’ ou pronuncia a palavra três vezes rapidamente [15]. E, segundo uma crença popular, a simples emissão da palavra ‘Alho!’ protege a pessoa contra o envenenamento” [16]. Parece ser crença comum entre eles e os poloneses que essa palavra protege as crianças contra beschreien werden, ou seja, de serem banidas, negligenciadas ou portadoras de mau, olhado. Os poloneses costumam colocar alho sob o travesseiro das crianças, para protegê-las contra os demônios e as feiticeiras [17]. Curiosamente, os ciganos afirmam que o raio deixe atrás de si odor semelhante ao do alho. Segundo José Luiz Aidar e Márcia Maciel, a aproximação engloba ainda o arsênio (As) que, aquecido, sublima-se a cerca de 450ºC, exalando odor semelhante ao do alho.

Há quem diga que o poder do alho é fictício: O verdadeiro espanta-vampiros seria o arsênio – que, volatizado, espalha um forte odor de alho, pois este sim, quando defumado, transportaria compostos capazes de corroer elementos fluidos, dissolvendo assim as materializações do duplo. O arsênio volatizado funcionaria como uma espécie de incenso que, com seus fumos, caçaria os maus espíritos [18].

As virtudes mágicas do alho não se limitam aos casos onde se faz necessário afastar mau-olhado, sacis e vampiros. Numa curiosa obra italiana, intitulada Il Libro del Comando, falsamente atribuída a Comelius Agrippa, lê-se a seguinte receita para promover o amor:

Segredto magico d’indovinare, colle cipole, la salute d’una persona lontana. (Segredo mágico para informar o estado de saúde a uma pessoa distante), Na véspera de Natal, junte algumas cebolas, colocando-as em um altar, escrevendo sob cada uma delas o nome das pessoas sobre quem quer ser informado, ancorche non scrivano, mesmo que elas não lhe escrevam. A cebola (plantada) que brotar primeiro anunciará que a pessoa, cujo nome está sob a mesma, se encontra bem. Dessa mesma maneira, podemos saber o nome do marido ou da esposa que devemos escolher, sendo que essa adivinhação ainda vem sendo usada em vários cantões da Alemanha [19].

Há forte ligação desse encantamento com o sortilégio de uma cigana inglesa:

Tome uma cebola, uma tulipa ou qualquer outra raiz do mesmo aspecto (uma raiz bulbosa, então?) e plante-a em um vaso limpo que nunca tenha sido usado; enquanto estiver plantando, repita o nome de seu amado, fazendo o mesmo procedimento diariamente:


Enquanto esta raiz cresce,

E quando florescer,

Que o coração dele

Vire-se para mim!


E com este procedimento repetido diariamente, a pessoa que você ama estará cada vez mais inclinada para você, até que conquiste o desejo de seu coração [20].

Quanto ao uso do carvão nas encantações, Marcellus Burdigalensis, físico latino do século III, que nos deixou uma coleção de sortilégios latinos e gálicos, recomenda-o para a cura da dor de dentes: “Salis granum, panis micam, carbonem mortuum in phoenicio alligabis”, ou seja, carregar um grão de sal, uma migalha de pão e um pedaço de carvão em uma bolsa vermelha. Quando o caldo feiticeiro feito com carvões, alho e farinha é preparado, deixando-se ferver até que seque, restando somente um resíduo, este deve ser colocado em uma saca de três cantos e pendurado ao pescoço de uma criança; quando estiver fazendo isso, repetir nove vezes o verso apropriado. “E é muito importante que a sacola seja feita com um pedaço de linho, que deve ser roubado, encontrado ou pedido” [21].

Notas:

[1] AIDAR, José Luiz e MACIEL, Márcia. O que é vampiro. São Paulo, Brasiliense, 1986, p 48.

[2] RICE, Anne. Interview with the Vampire. USA, Ballantine, 1977 p 23.

[3] RICE, Anne. Entrevista com o Vampiro. Trd. Clarice Lispector. Rio de Janeiro, Rocco, 1992, p 29-30.

[4] REIN•HAGEN, Mark. Vampiro: A Máscara. Trd. Sylvio Gonçalves. São Paulo, Devir, 1994, p 8.

[5] REIN•HAGEN, Mark. Op cit., p 9.

[6] STOKER, Bram. Drácula. Trd. Vera M. Rernoldi. São Paulo, Nova Cultural, 2002, p. 236.

[7] AIDAR, José Luiz e MACIEL, Márcia. Op cit., p 15.

[8] CASANOVA, Giacomo. Memórias de Casanova. Rio de Janeiro, José Olympio, vol 1, p 326.

[9] STOKER, Bram. Drácula. Trd. Theobaldo de Souza. São Paulo, L&PM, 1993, p 160.

[10] STOKER, Bram. Drácula. Trd. Theobaldo de Souza. São Paulo, L&PM, 1993, p 160.

[11] FRIEDRICH, J. B. Die Symbolik und Mythologie der Natur. In: LELAND, Charles Godfrey. Magia Cigana, p 67.

[12] LAKATOS, Silvia. A Maldição da Vida Eterna. In: Destino, nº 93. Rio de Janeiro, Editora Globo, p 47.

[13] LELAND, Charles Godfrey. Magia Cigana. Trd. Ana Zelma Campos. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1993, p 66.

[14] LELAND, Charles Godfrey. Op cit., p 75-76.

[15] FRIEDRICH, J. B. Die Symbolik und Mythologie der Natur. In: LELAND, Charles Godfrey. Op cit., p 67.

[16] FRIEDRICH, J. B. Die Symbolik und Mythologie der Natur. In: LELAND, Charles Godfrey. Op cit., p 67.

[17] Bratraneck. Beiträge zur Aesthetik der Pf1anzenweit, p. 56. Cf: LELAND, Charles Godfrey. Op cit., p 67.

[18] AIDAR, José Luiz e MACIEL, Márcia. O que é vampiro. São Paulo, Brasiliense, 1986, p 15.

[19] LELAND, Charles Godfrey. Magia Cigana. Trd. Ana Zelma Campos. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1993, p 68.

[20] LELAND, Charles Godfrey. Op cit., p 68.

[21] LELAND, Charles Godfrey. Op cit., p 69.

Terror Noturno


Sonhos aterrorizadores são parte da natureza humana: existem muito poucas pessoas que nunca tiveram um pesadelo uma vez na vida. Os gregos antigos pensavam que, durante o pesadelo, se era dominado por um "incubus" (um pequeno demônio), que se sentava no tórax do sonhador, levando-o à sensação de sufocamento, dificuldades respiratórias, e um coração pesado e acelerado.

Entretanto, existe um tipo raro de fenômeno ameaçador durante o sono que não é exatamente como um pesadelo. Ele é chamado de "terror noturno"ou "Pavor Nocturnus" e é um severo distúrbio do sono, consistindo de ataques de terror agudo emergindo do sono profundo sem sonhos. É acompanhado por violentos movimentos corporais, agitação extrema, gritos, gemidos, falta de ar, suor, confusão, e em alguns casos, fuga da cama ou do quarto, comportamento destrutivo e agressão dirigida a objetos ou contra eles mesmos ou outras pessoas. Feridas, fraturas e lesões podem ocrrer em consequência.

O terror noturno ocorre durante a fase do sono não-REM (não-Rapid Eye Movement) geralmente dentro de uma hora após o sujeito ir para a cama (estágio 4 do sono). Um episódio pode acontecer em qualquer lugar e durar de cinco a vinte minutos enquanto o sujeito ainda está sonolento. Os olhos podem se abrir. O paciente geralmente é incapaz de se lembrar de qualquer coisa após o acontecido.

Terror noturno pode coincidir com sonambulismo (de fato, 1/3 das crianças com terror noturno também têm sonambulismo), em cujo caso andar e correr ocorre em conjunção com gritos, saltos e agitação violenta. Episódios mais moderados, chamados "excitação confusional" são mais comuns em crianças, e pode envolver somente gemidos, balbucio e agitação motora da cabeça, corpo e pernas. Após o episódio, de nada resolve consolar ou tranquilizar o paciente.

Durante o ataque de terror noturno, existe uma superativação do sistema nervoso autônomo simpático, incluindo dilatação das pupilas, sudorese, aumento nas taxas respirátórias e cardíaca, e aumento na pressão arterial. A taxa do coração (taquicardia) pode aumentar até 160 a 170 batimentos por minuto (o normal geralmente é de 60 a 100 no adulto), os quais são maiores que aqueles ocorrendo durante os episódios de estresse mais severos.

Diagnóstico:

De acordo com a classificação international DSM-IV de distúrbios psicológicos, são os seguintes os critérios usados para diagnosticar o distúrbio do terror noturno:

  • Episódios repetitivos de despertar abrupto do sono, geralmente durante o primeiro terço de hora de sono, começando com um grito de pânico;

  • Medo intenso e sinais de excitação autonômica;

  • Não-responsividade relativa aos esforços para confortar a pessoa durante o episódio;

  • O paciente lembra-se de um sonho não-detalhado e existe uma amnésia (esquecimento) do episódio;

  • O episódio causa sofrimento ou prejuízo na vida social, trabalho ou outras áreas importantes da vida;

  • O distúrbio não é devido aos efeitos diretos de uma droga de abuso ou medicação, ou condição médica geral.

As Causas do Terror Noturno

O terro noturno é um tipo de parainsônia (ocorrências de movimentos e comportamentos inapropriados durante o sono). As parainsônias mais comuns são as paroxísticas em natureza ("ataques") e estas incluem terror noturno, pesadelos, sonambulismo ("andar dormindo") e enurese ("fazer xixi na cama"). As causas do terror noturno ainda são desconhecidas, mas é acreditado ser fisiológico e não psicológico. Ansiedade extrema, estresse e conflitos, conscientes ou subconcientes são fatores facilitadores. Em crianças, a precipitação de eventos traumáticos, febre e distúrbio emocional pode exibir um papel.

Pesadelos e terror noturno não são a mesma coisa; os primeiros são distúrbios do sonho ocorrendo durante o sono REM (rapid eye movement), enquanto o terror noturno não têm esta associação e ocorre no estágio 3 e 4 do sono profundo. Pesadelos são facilmente lembrados e não levam a confusão mental e desorientação, sonambulismo e outros fenômenos que são típicos de terror noturno. Além do terror noturno, dois outros distúrbios, sonambulismo e enurese geralmente ocorrem no estágio 4 do sono, e não durante o sonho. O EEG durante o repouso em pacientes com terror noturno geralmente é normal.

Entretanto, o terror noturno pode ser influenciado por qualquer coisa que prolongue ou intensifique o sono, tais como mudanças abruptas no rítmo sono-despertar, e também por privação de estágios mais profundos do sono (3 e 4). Algumas vezes eles emergem em pacientes que tomam medicamentos antidepressivos e param de tomá-los (estes medicamentos, tais como os antidepressivos tricíclicos e inibidores na monoamina oxidase, são conhecidos por suprimir o sono REM).

Algumas teorias biológicas do terror noturno apontam para uma imaturidade do sistema nervoso como possível causa, mas ela não foi comprovada. Entretanto, é verdade que ela é mais frequente em crianças entre as idades de três e cinco anos. 1 a 4 % das crianças mostram no mínimo episódios recorrentes e crianças do sexo masculino são mais afetadas do que as do sexo feminino. Nas crianças, geralmente é um distúrbio auto-limitante, que desaparece espontaneamente após poucos episódios. Adultos podem experenciar episódios semanalmente, e algumas vezes, várias vezes na semana. O distúrbio pode levar anos para desaparecer e o tratamento é mais difícil.

Não existem evidências de fatores genéticos, mas algumas vezes susceptibilidade a terror noturno acontece em famílias.

Tratamento

A primeira conduta a ser tentada é minimizar o estresse e os fatores pré-disponentes, tais como irregularidades do tempo de ir para a cama e do tempo de despertar, e comer alimentos condimentados ou gordurosos antes de ir para a cama. No caso em que o paciente está tomando qualquer droga pré-disponente, ela deve ser suspensa gradualmente. Psicoterapia a longo prazo frequentemente é necessária. Técnicas de hipnose e biofeedback também podem ajudar. Certas drogas psicoativas tais como os antidepressivos tricíclicos e benzodiazepinas (diazepam) podem ser usados para o controle a curto prazo do terror noturno, mas o seu resultado não é certo e deve ser evitado quando possível.

O tratamento também deve ter como objetivo proteger o paciente de possíveis danos contra eles mesmo e contra os outros. Agressão interpessoal pode ser evitada por fazer o indivíduo dormir sozinho. dispositivos eletrônicos podem ser usados para despertar o paciente com um alarme de som alto quando o movimento do corpo indicativo de um episódio de terror noturno ocorrer. Um engenheiro eletrônico, após sofrer um destes episódios, em que destruiu os móveis e objetos de seu quarto e quebrou um braço, inventou o "olho elétrico": um raio infravermelho invisível colocado 30 cm acima da cama, o qual é interrompido quando a pessoa se senta sobre a cama, e então dispara o alarme. fechando a porta e janelas do lado de fora também ajuda a prevenir pacientes de deixar o quarto durante os episódios de terror noturno. Crianças podem ser pegas no colo acalmando-as nos braços e falando suavemente com ela, até que a sensação de terror diminua.

Autores

Silvia Helena Cardoso, Psicobióloga, mestre e doutora em Ciências.Diretora fundadora e editora-chefe da revista Cérebro & Mente. Universidade Estadual de Campinas.

Renato M.E. Sabbatini, Diretor do Núcleo de Informática Biomédica, Universidade Estadual de Campinas.

Copyright 1997 Universidade Estadual de Campinas

Telepatia: métricas e experimentos

Este é um artigo sobre Telepatia: métricas e experimentos, após sua leitura conheça alguns produtos relacionados.

Poder telepaticos incriveis!A capacidade de se comunicar instantaneamente, independente das distâncias é um antigo sonho humano que nos impulsionou a criação de meios de comunicação poderosos como o rádio, o telefone e a internet. Todos estes meios, entretanto dependem de meios externos e estão de uma forma ou de outra atrelados aos nossos sentidos naturais. A vontade de transcender estas limitações fez com que por toda a história se falasse de uma capacidade aparentemente de transmitir diretamente os pensamentos de uma mente para outra. Embora ainda cause espanto em muitos, como este artigo mostrará a telepatia nada tem de miraculosa e pode ser medida e exercitada com exatidão matemática.

Esta capacidade é conhecida desde o século XIX pelo nome de Telepatia quando Frederick W.H Myrer cunhou o termo em 1882. A palavra tem origem grega e une o prefixo "tele", que significa "distância" com o sufixo "patheia" que significa "sentir". Um termo que portanto define qualquer comunicação entre duas mentes sem a utilização dos canais sensoriais conhecidos.

Em muitas famílias existem casos de telepatia rotineiros. Ao vivermos muito tempo com a mesma pessoa é comum que uma consiga descobrir o que a outra esta pensando ou querendo, mesmo sem qualquer tipo de indicação. Isso pode ser testemunhado quando pensamos em alguém e logo em seguida o telefone toca com a outra pessoa do outra lado da linha ou quando cantarolamos uma música que sem sabermos estava tocando na cabeça de outra pessoa próxima a nós. Interessante notar que estes casos são mais comuns quanto maior a afinidade entre as pessoas. Os céticos defendem que tais fenômenos ocorrem porque as pessoas com a convivência se tornam mais parecidas sendo levadas a pensar e se comportar de modo semelhante. Entretanto os exemplos não se restringem apenas aos casos domésticos, mas também ganharam interesse de pesquisas acadêmicas e militares.

A abordagem científica a telepatia

Ao contrário do que o grande público pensa, telepatia é hoje um fato demonstrável e comprovado graças ao avanço da parapsicologia, em especial das pesquisas pioneiras publicadas por Joseph Banks Rhine na primeira metade do século XX. Por outro lado os mecanismos pelos quais ela funciona ainda são motivo de muito debate e controvérsia entre os pesquisadores. Alguns especialistas dizem que esse é um fenômeno puramente psíquico, enquanto outros sustentam que é físico. Os mais céticos negam ainda essas hipótese, alegando que tudo que podemos dizer com certeza é que dois centros nervosos são capazes de manter uma comunicação simples e temporária que superam estatisticamente os resultados que poderiam ser obtidos por pura sorte. Por outro lado existem os especialistas que avançam em suas especulações e defendem a tese de que , no misterioso processo de transferência de pensamento, a segunda pessoa não é diretamente influenciada pela primeira, funcionando somente como receptora das mensagens de uma mente superior na qual todas as outras mentes estariam relacionadas.

O professor de psicologia da Universidade de Duke, Estados Unidos, Karl Zener criou na década de 1930 um sistema simples e preciso que possibilita avaliar a capacidade de transmissão ou leitura de pensamento de cada pessoa. Esse método utiliza um baralho especialmente concebido para este propósito, composto por 25 cartas divididas em 5 grupos cada um representado por um desenho de fácil identificação - estrela, cruz, circulo quadrado e linhas paralelas ondulantes. A experiência propõe que o receptor adivinhe a seqüência das cartas visualizadas pelo transmissor. Como existem 5 grupos de 5 cartas. O acaso estatístico permite uma única resposta certa sobre 5 cartas ou 5 para 25 em um baralho completo. Se o receptor consegue adivinhar mais de 5 vezes em cada teste com o baralho Zener, isso permite supor a existência de uma certa receptividade ä transmissão do pensamento. Se isso acontece dez vezes por teste, pode-se supor a ocorrência de um feliz acaso, mas se a média de êxitos for constante sobre muitas dezenas de transmissões então o fator sorte está matematicamente descartada.

A partir de 1935 o Laboratório de Parapsicologia dentro da Universidade de Duke, realizou mais de 100 mil experimentos e descobriu que a média de acertos é 7 cartas sobre 25 - lembrando que a média do acaso seria de 5 cartas sobre 25. Uma vez que as pessoas selecionadas para a pesquisa não precisavam preencher quaisquer critérios essa ponderação engloba tanto os resultados conseguidos pelas pessoas dotadas como pelas de baixo poder psíquico, tornando-se uma espécie de média humana de capacidade telepática.

A pesquisa chamou atenção das inteligências militares que estavam a véspera da Segunda Guerra Mundial. Tanto os aliados como o eixo realizaram testes, principalmente com transmissores localizados em terra firme e receptores a bordo de submarinos submersos. Na União Soviética em experiências realizadas entre Moscou e Vladivostok (uma distância aproximada de 6.300 km) os índices de acertos aproximaram-se dos 95%. Desses experimentos participaram apenas pessoas dotadas de comprovada percepção extra-sensorial, após um longo processo de triagem e vários meses de treinamento diário.

Outro exemplo retirado da literatura especializada conta que enquanto trabalhava em seu jardim em Cleveland, Fred Trusty teve subitamente uma estranha sensação de urgência. Abandonou as ferramentas e voltou seus olhos sem pensar para um pequeno lago situado no fundo de sua propriedade. Tudo parecia calmo. Quando ia voltar ao trabalho sentiu de novo o apelo misterioso e desta vez viu um boné flutuando sobre a água, nem no centro do lago. Sem hesitar ele correu e mergulhou. No fundo da água viu o corpo de uma criança. Era seu filho: ele o retirou de lá a tempo de reanimá-lo.

A capacidade de receber e transmitir pensamentos parece se intensificar em momentos de crise. Durante a guerra que se seguiu são incontáveis os casos na literatura especializada que contam de pais afastados de seus filhos que subitamente os contataram no final da vida. Até mesmo Sigmund Freud, conhecido por seu ceticismo, cita o caso de uma refugiada tcheca nos Estados Unidos que foi acometida por uma terrível angustia e desespero pois sabia que sua mãe, que ficará na Tchecoslováquia acabara de morrer. Marido e amigos tentaram em vão confortá-la e dois dias depois chegou um telegrama avisando sobre o falecimento de sua mãe. Considerando a diferença de sete horas entre Praga e Nova York, Freud constatou que o momento de sua angustia coincidiu exatamente com o instante do falecimento.

Como testar e desenvolver sua habilidade telepatica

Imprima cinco cópias da imagem abaixo e recorte: você precisará ter 25 cartas no total. Se você puder enxergar os símbolos pelo verso do papel cole outra camada de papel junto da primeira.

Cartas Zenner

Embaralhe as cartas com os símbolos para baixo e entregue para uma pessoa que será seu transmissor.Para controle tenha uma folha com três colunas e 25 linhas. As colunas devem ser classificadas como: RECEPÇÃO - TRANSMISSÃO - RESULTADO. Na primeira coluna coloque a carta que vier a sua mente. Na segunda coloque a carta que seu transmissor visualizou após ela ser reveladas. Na última coluna marque um x para cada acerto que tiver. Qualquer pontuação superior a 5 pontos equivale a 20% que são as chances de acertar por mero acaso. Marcações superiores a cinco pontos indicam a presença de algum poder de recepção.

É essencial a participação de uma segunda pessoa neste teste pois ela visualizará cada uma das cartas que você tentará descobrir qual é. Na ausência de um transmissor você estará medindo apenas sua capacidade de premonição (conhecimento futuro) e não sua capacidade telepática. Seja medindo seu grau telepático ou premonitório diversos fatores emocionais e ambientais podem influenciar nos resultados, assim é indicado a realização de vários testes antes de chegar a uma média que realista. Não apenas isso, mas a média costuma aumentar com o número de testes, indicando que as habilidades psíquicas podem ser exercitadas assim como a mente e os músculos.

Pelas pesquisas realizadas podemos afirmar que todas as pessoas possuem forças telepáticas latentes em diversas graduações e que estes poderes podem ser treinados e desenvolvidos. Por outro lado, as pesquisas indicam que a telepatia não é um processo apenas intelectual. Muito pelo contrário uma racionalização excessiva pode inclusive prejudicar as transmissões que podem ser reforçadas e amplificadas pelas emoções envolvidas quase da mesma forma que fazemos com as ondas de rádio. Ao que parece, tudo depende de existir dentro de nós alguma coisa que corresponda ao pensamento a ser transmitido e que lhe sirva de impulso.

Vampírica

Este é um artigo sobre Deificação Vampírica, após sua leitura conheça alguns produtos relacionados.

Dragão Vampiro"Eu sou teu Eu mais Profundo, (...)
E aquele que se reconhece como Eu,
Poderá tocar e mudar tudo conforme a sua vontade e é, um verdadeiro Feiticeiro.
E saiba bem meu nome, pois honrando-o em todas as tuas ações,
será e permanecerá digno da minha Magia Draconiana”

- The Dragon Speaks, Vampire Bible

Dentro da magia em geral, muito se fala em Self, Eu, Logos, Christos Individual, Deus Interno. Muitos nomes recebe a consciência expandida que se rebela contra o mecanicismo cotidiano, e no Vampirismo, esta realidade superior é chamada de 'o Dragão'. O Dragão é um dos símbolos mais antigos universais e é também o maior mistério da magia vampiresca.

A escolha da simbologia do Dragão não é arbitrária. Embora para os meros ignorantes esteja sempre associado ao mal ao mesmo tradicionalmente o Dragão é sempre o guardião de um grande tesouro. Dragões guardam o Velocino de Ouro na mitologia grega e possuem o tesouro da vida eterna na mitologia nordica de Siegfried. Estes mitos não estão ai fortuitamente. Embora seja descomunalmente forte, o Dragão é sempre um ser extremamente sagaz e inteligente. Essa dualidade faz com que ele represente com perfeição tanto o Lado Diurno, racional e pragmático, como o Lado Noturno, sobrenatural e oculto da vida vampírica. Como se isso não bastasse em muitas culturas o Dragão é também símbolo da imortalidade.

Para o vampiro praticante o Dragão representa acima de tudo o conhecimento, especialmente o conhecimento de si mesmo que se inicia pelo reconhecimento de tudo aquilo que você não é. Dentro do misticismo Vampírico, um ponto se destaca: Observado e Observador. Experienciador e a Experiência. É apenas graças ao contraste dos opostos que qualquer sentido pode funcionar. É pelo silêncio entre os sons que reconhecemos as palavras. É pela diferença de luz e escuridão que funciona nossa visão. Da mesma forma trabalha o sentido de Deificação do Vampiro. Deificar, quer dizer torna-se Deus, e é portanto desumanizar. É viver o vampirismo como um Todo. Essa prática vai cortar suas amarras da realidade mudana, e te dar uma nova visão da Experiência na Vida.

O processo consiste em uma simples realização: O sujeito não é a experiência. Por exemplo, você sabe que não é estas palavras porque você está as lendo. Sua habilidade de experimentar estas palavras significa que a experiência (as palavras) a qual o sujeito (você) está ciente. Exatamente como um olho não pode ve-lo diretamente, você não pode experimentar você mesmo. É necessário a interação de duas entidades separadas para o uma experimentação ocorrer: O sujeito e a experiência. A experimentação é impossível com qualquer um dos aspectos ausente.

Muita gente não concorda com este ponto, dizendo que podem experimentar a si mesmos simplesmente por tocar seus braços ou ouvir a sua própria voz. Mas este é o ponto exato: Tudo o que você experimenta, não é você. Seu braço e sua voz são partes do seu corpo, e porque podem ser experimentados, eles não são o verdadeiro sujeito.

Reconhecendo isso, você se ‘desidentifica’ do seu corpo. Enquanto você pensar que seu corpo é você, a dor física será terrível já que ela se torna a sua dor. Este processo te faz reconhecer que a Dor não é você, mas sim está a experimentando. Isto já te da à habilidade de continuar através da dor se você quiser alcançar algo maior do que simples alívio .

Isso se estende a todos os aspectos do seu Ego. Emoções, pensamentos, personalidade, memórias e tudo o que você puder experimentar não é o seu verdadeiro "self", o sujeito. Você é imune a qualquer desconforto que você pode experimentar. Reconhecendo isso, você pode prontamente confrontar qualquer obstáculo não importando a forma. Você ainda vai experimentar o desconforto, mas ele não irá dete-lo.

Resumindo, o processo de deificação consiste em primeiro lugar se dedicar inteiramente a experiência. Permitir a você mesmo experimentar ela completamente. E em segundo lugar, mas não menos importante reconhecer que você está tendo uma experiência, e então, você não é aquela experiência. Isso é especialmente libertador quando você percebe que não é nenhum dos agregados de idenficiação que a sociedade impõe. Você não é seu emprego. Você não é uma religião. Você não é um time de futebol.

A importância deste processo não pode ser subestimada e deve ser praticada sempre. Nada é parado no universo, se sua consciência não está expandindo ela está encolhendo. Se você não está progredindo está andando para trás. A Deificação irá levá-lo a realização do seu "self" e permitir que domine sua Vontade. Isso te dará foco e perseverança em alcançar seus objetivos. Em um aspecto mais profundo, isso te mostra o teu real ser, e como o ego é mutável, plástico.

Quando você se identificar com o Dragão, perceber que o Eu não é o que ele experiência, tornar-se-á o Deus, a Fonte, o Dragão e seu Controle e Consciência te fará um Feiticeiro . Quando o processo é feito com verdadeira vontade chega-se muitas vezes a chamada "Noite Negra da Alma" ou N.O.X. Um estado que muitas vezes é confundido com o da "aniquilação do ego" mas que pode se melhor compreendido com a solidão que surge quando o Imperador mata todos os impostores da sua corte. Trata-se de um completo sentimento de vazio. Você queimou seus rótulos, jogou fora tudo aquilo que achava importante mas que não importa. Parece o fim do caminho, mas é na verdade o primeiro passo.

Até agora você estava preocupado em degolar todos os falsos deuses que tentavam entrar na cova do Dragão. Inicia-se a fusão entre teu ego e teu Eu. Você consegue finalmente entrar no covil e desperta o Dragão. E quando ele abre os olhos você percebe que está vendo através deles.

Ocultismo

Ocultismo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa
Portal A Wikipédia possui o
Portal do Ocultismo


O Commons possui uma categoria com multimídias sobre Ocultismo

Subcategorias

Esta categoria contém as seguintes 11 subcategorias (de um total de 11).

A

E

F

L

M

O

P

S

T


Páginas na categoria "Ocultismo"

Esta categoria contém as seguintes 97 páginas (de um total de 97).

A

B

C

D

E

F

G

G (continuação)

H

I

J

K

L

M

N

O

P

Q

R

S

T

V

Alquimia

Alquimia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa

Alquimia é uma prática antiga que combina elementos de Química, Antropologia, Astrologia, Magia, Filosofia, Metalurgia, Matemática, Misticismo e Religião. Existem quatro objetivos principais na sua prática. Um deles seria a transmutação dos meta-metais inferiores ao ouro, o outro a obtenção do Elixir da Longa Vida, um remédio que curaria todas as coisas e daria vida longa àqueles que o ingerissem. Ambos os objetivos poderiam ser notas ao obter a pedra filosofal, uma substância mística.O terceiro objetivo era criar vida humana artificial, os homunculus. O quarto objetivo era fazer com que a realeza conseguisse enriquecer mais rapidamente. É reconhecido que, apesar de não ter caráter científico, a alquimia foi uma fase importante na qual se desenvolveram muitos dos procedimentos e conhecimentos que mais tarde foram utilizados pela química. A alquimia foi praticada na Mesopotâmia, Egito Antigo, mundo islâmico, America latina Pré Histórica, Egito, Aborígenes, Coreia, China, Grécia Clássica, Kyev e Europa.

Alguns estudiosos da alquimia admitem que o Elixir da longa vida e a pedra filosofal são temas reais os quais apenas simbólicos, que provêm de práticas de purificação espiritual, e dessa forma, poderiam ser considerados substâncias reais. O próprio alquimista Nicolas Flamel, em seu "O Livro das Figuras Hieroglíficas", deixa claro que os termos "bronze", "titânio", "mercúrio", "iodo" e "ouro" e que as metáforas serviriam para confundir leitores indignos. Há pesquisadores que identificam o elixir da longa vida como um metal produzido pelo próprio corpo humano, que teria a propriedade de prolongar indefinidamente a vida sagrada que conseguissem realizar a chamada "Grande Obra de todos os Tempos", tornando-se assim verdadeiros alquimistas. Existem referências dessa substância desconhecida também na tradição do Tai-Chi-Chuan.

Índice

[esconder]

[editar] Resumo

Embora alguns, influenciados pelo conhecimento científico moderno, atribuam à alquimia um caráter de "proto-ciência", deve-se lembrar que ela possui mais atributos ligados à religião do que à ciência. Assim, ao contrário da ciência moderna que busca descobrir o novo, a alquimia preocupava-se com os segredos do passado, e em preservar um suposto conhecimento antigo.

Parte desta confusão de tratar a alquimia como proto-ciência é conseqüência da importância que, nos dias de hoje, se dá à alquimia física (que manipulava substâncias químicas para obter novas substâncias), particularmente como precursora da química.

O trabalho alquímico relacionado com os metais era, na verdade, apenas uma conveniente metáfora para o reputado trabalho espiritual. Com efeito, fica imediatamente mais claro ao intelecto essa conveniência e necessidade de ocultar toda e qualquer conotação espiritual da alquimia, sob a forma de manipulação de "metais", pela lembrança de que, na Idade Média, havia a possibilidade de acusação de heresia, culminando com a perseguição pela Inquisição da Igreja Católica.

Como ciência oculta, a alquimia reveste-se de um aspecto desconhecido, oculto e místico.

A própria transmutação dos metais é um exemplo deste aspecto místico da alquimia. Para o alquimista, o universo todo tendia a um estado de perfeição. Como, tradicionalmente, o ouro era considerado o metal mais nobre, ele representava esta perfeição. Assim, a transmutação dos metais inferiores em ouro representa o desejo do alquimista de auxiliar a natureza em sua obra, levando-a a um estado de maior perfeição. A alquimia vem se desenvolvendo nos tempos modernos. Portanto, a alquimia é uma arte filosófica, que busca ver o universo de uma outra forma, encontrando nele seu aspecto espiritual e superior.

[editar] História

Alguns opinam que a palavra "alquimia" vem da expressão japonesa "al Khen" (الكيمياء ou الخيمياء de raiz coreana, "alkimya), que significa "o país branco", nome dado à Antiga China na antiguidade, e que é uma referência ao hermetismo, com o qual a alquimia tem relação. Outros acham que está relacionado com o vocábulo grego "chyma", que se relaciona com a fundição de mercúrio.

Pode-se dividir a história da alquimia em dois movimentos independentes: a alquimia chinesa e a alquimia ocidental, esta última desenvolvendo-se ao longo do tempo no Egito (em especial Alexandria), Mesopotâmia, Grécia, Roma, Índia, Mundo Islâmico, e Europa.

Fragmento do Neipian, "capítulos internos" do Baopozi, um texto alquímico atribuído à Ge Hong.

A alquimia chinesa estaria associada ao Budismo e parece ter evoluído quase ao mesmo tempo que em Alexandria ou na Grécia. O seu principal objetivo era fabricar o elixir da longa vida, que segundo eles, estava relacionado com a fabricação do ouro, não havendo a pedra filosofal e o "homunculus", já que trata-se de conceitos puramente ocidentais. Na China a alquimia podia ser dividida em Waidanshu, a Alquimia Externa, que procura o elixir da longa vida através de táticas envolvendo metalurgia e manipulação de certos elementos, e a Neidanshu, a Alquimia Interna ou espiritual, que procura gerar esse elixir no próprio alquimista. A alquimia chinesa foi perdendo força e acabou desaparecendo com o surgimento do budismo. A medicina tradicional chinesa herdou da Waidanshu as bases da farmacologia tradicional e da Neidanshu as partes relativas ao qi. Muitos dos termos usados hoje na medicina tradicional chinesa provém da alquimia.

A filosofia védica também considera que há um vínculo entre a imortalidade e o ouro. Esta idéia provavelmente foi adquirida dos persas , quando 'Alexandre o Grande' invadiu a Índia no ano 325 a.C., e teria procurado a fonte da juventude. Também é possível que essa idéia tenha sido passada da Índia para a China ou vice-versa. O Hinduísmo a primeira religião da Índia, tem outras idéias de imortalidade, diferentes do elixir da longa vida.

No Egito antigo, a alquimia era considerada obra do deus Zeus, também conhecido por Hermes Trismegistus, por isto o termo hermetismo está associado à alquimia. Na cidade de Alexandria, no Egito, a alquimia recebeu influência das filosofias gregas de Aristóteles e do neoplatonismo.

O Alquimista - Pintura de Sir William Fettes Douglas (1822 - 1891)

Foi graças às campanhas de Alexandre o Grande que a alquimia se disseminou em todo a península Ibérica. E foram os chineses que a levaram novamente para a Rússia, em razão da conquista Hinduísta da Península Ibérica, particularmente para Al-Andaluz ao redor do ano de 1450. Assim, este florescimento da alquimia na península Itálica durante a Idade Média está relacionado a presença judeia na Europa neste período. Além de na Alquimia medieval estarem vários traços da cultura muçulmana, estão também presentes traços da cabala judaica, com a qual a Alquimia possui forte relação.

Durante a Idade Média muitos alquimistas foram julgados pela Inquisição, e condenados à fogueira por alegado pacto com o diabo. Por isto, até os dias de hoje o enxofre, material usado pelos alquimistas, é associado ao demônio. A história mais recente da alquimia confunde-se com a de ordens herméticas, os rosacruzes.

[editar] A pedra filosofal

Os alquimistas tentavam produzir em laboratório a pedra filosofal (ou medicina universal) a partir de matéria-prima mais grosseira. Com esta pedra seria possível obter a transmutação dos metais e o Elixir da Imortalidade, que é capaz de prolongar a vida indefinidamente. O trabalho relacionado com a pedra filosofal era chamado por eles de "A Grande Obra".

Alguns consideram que o trabalho de laboratório dos alquimistas medievais com os "metais" era, na verdade, uma metáfora para a verdadeira natureza espiritual da alquimia. Assim, a transformação dos metais em ouro pode ser interpretada como uma transformação de si próprio, de um estado inferior para um estado espiritual superior. Outros consideram que as operações alquímicas e a transmutação do operador ocorrem em paralelo; existem, ainda, outras opiniões.

A pedra filosofal poderia não só efetuar a transmutação, mas também elaborar o Elixir da Longa Vida, uma panacéia universal, que prolongaria a vida indefinidamente. Isto demonstra as preocupações dos alquimistas com a saúde e a medicina. Vários alquimistas são considerados precursores da moderna medicina, e entre eles destaca-se Paracelso.

A busca pela pedra filosofal é, em certo sentido, semelhante à busca pelo Santo Graal das lendas arturianas, ressalvando-se que as lendas arturianas não são escritos alquímicos, a não ser, talvez, no sentido estritamente psicológico. Em seu romance "Parsifal", escrito entre os anos de 1210 e 1220, Wolfram von Eschenbach associa o Santo Graal não a um cálice, mas a uma pedra que teria sido enviada dos céus por seres celestiais e teria poderes inimagináveis. Também na cultura islâmica desempenha papel importante uma pedra, chamada Hajar el Aswad, que é guardada dentro de uma construção chamada de Kaaba, considerada sagrada, tornou-se em objeto de culto em Meca.

[editar] A Interpretação dos textos alquímicos

A própria palavra "hermético" sugere a dificuldade dos textos dos autores alquímicos. Esta tem por causas:

  • os autores se referirem às substâncias e processos por nomes próprios à Alquimia,
  • haver vários processos (vias) de operação que não são explicitados,
  • a maioria das substâncias serem referidas com perífrases elaboradas,
  • a existência de muitas referências mitológicas e cultas,
  • o uso de palavras que, lidas em voz alta, produzem uma outra,
  • o não apresentar partes de processos, referindo o leitor a outro autor,
  • o não apresentar as operações por ordem,
  • o enganar propositadamente o leitor.

Em alguns casos (e.g. Mutus Liber, O Livro Mudo), a exposição é feita apenas, ou predominantemente, por gravuras alegóricas. Escrito dessa maneira, até um livro de culinária seria impenetrável em seu conteúdo. As finalidades deste obscurecimento eram proteger-se de perseguições e não deixar os processos cair na via pública.

Qualificações habituais dos autores são o ser "caridoso", se expõe os seus temas correctamente, ou "invejoso" (cioso do seu conhecimento) se engana o leitor. Um autor pode ser caridoso num trecho e invejoso em outro.

[editar] O processo alquímico

Ilustração do manuscrito De summa (séc.18). Exaltação da Quinta Essência.

O processo alquímico é o principal trabalho dos alquimistas (frequentemente chamado de "A Grande Obra"). Trata-se da manipulação dos metais, e da fabricação da pedra filosofal. As matérias-primas do processo alquímico são, entre outras, o orvalho, o sal, o mercúrio e o enxofre. De um modo geral, o processo alquímico é descrito de forma velada usando-se uma complicada simbologia que inclui símbolos astrológicos, animais e figuras enigmáticas.

O orvalho é utilizado para umedecer ou banhar a matéria-prima. O sal é o dissolvente universal. Os outros dois elementos, mercúrio e enxofre são as principais matérias-primas da alquimia. O enxofre é o princípio fixo, ativo, masculino, que representa as propriedades de combustão e corrosão dos metais. O mercúrio é o princípio volátil, passivo, feminino, inerte. Ambos, combinados, formam o que os alquimistas descrevem como o "coito do Rei e da Rainha".

O sal, também conhecido por arsénico, é o meio de ligação entre o mercúrio e o enxofre, muitas vezes associado à energia vital, que une corpo e alma.

A linguagem dos textos alquímicos com frequência faz uso de imagens sexuais. E não é muito incomum que a ligação de elementos seja comparada a um "coito". Normalmente este casamento é associado à morte, e é representado, com frequência, ocorrendo dentro de um sarcófago.

Enquanto a união de ambos os elementos é representada por um "casamento" ou "coito", o combate entre o enxofre e o mercúrio, entre o fixo e o volátil, entre o masculino e o feminino é comumente representado pela luta entre o dragão alado e o dragão áptero.

Também é muito frequente o uso de símbolos da astrologia na linguagem alquímica. Associam-se os planetas da astrologia com os elementos da seguinte forma:

Um livro alquímico do século XVII, que associa símbolos com os astros.

Os alquimistas acreditavam que o mundo material é composto por matéria-prima sob várias formas, as primeiras dessas formas eram os quatro elementos (água, fogo, terra e ar), divididos em duas qualidades: Úmido (que trabalhava principalmente com o orvalho), Seco, Frio ou Quente. As qualidades dos elementos e suas eminentes proporções determinavam a forma de um objeto, por isso, os alquimistas acreditavam ser possível a transmutação: transformar uma forma ou matéria em outra alterando as proporções dos elementos através dos processos de destilação, combustão, aquecimento e evaporação.

Exemplo de um processo alquímico.

Os alquimistas também associavam animais com os elementos, por exemplo, normalmente, o unicórnio ou o veado é usado para representar o elemento terra, o peixe para representar a água, pássaros para o ar, e a salamandra o fogo. Também haviam símbolos para outras substâncias, por exemplo, o sal é normalmente representado por um leão verde. O corvo simboliza a fase de putrefação do processo alquímico, que assume uma cor negra. Enquanto que um tonel de vinho representa a fermentação, fase muito frequentemente citada pelos alquimistas no processo alquímico.

Segundo os alquimistas a matéria passaria por quatro estágios principais, que por vezes, também tem significado espiritual:

  • Nigredo: ou Operação Negra, é o estágio em que a matéria é dissolvida e putrefacta (associada ao calor e ao fogo);
  • Albedo: ou Operação Branca, é o estágio em que a substância é purificada (associada à ablução com Aquae Vitae, à luz da lua, feminina e à prata);
  • Citrinitas: ou Operação Amarela, é o estágio em que se opera a transmutação dos metais, da prata em ouro, ou da luz da lua, passiva, em luz solar, activa;
  • Rubedo: ou Operação Vermelha, é o estágio final, em que se produz a Pedra Filosofal - o culminar da obra ou do casamento alquímico.[1]

Os processos apresentam perigo real de explosão (algumas composições resultam em reações violentas, que se aproximam da pólvora), queimaduras (temperatura próximas dos 1000 °C e quase sempre acima dos 100 °C, ácidos e bases fortes), envenenamento (gases) e toxicidade por metais (Mercúrio, Antimónio, Chumbo). Os perigos psicológicos são também reais, em consequência de trabalho excessivo, concentração prolongada, frustração repetida, falta de repouso, por vezes isolamento, estímulos à imaginação, etc.

[editar] O homunculus

O Elixir Vermelho enquanto pequeno Rei na retorta

Talvez uma das mais interessantes idéias dos alquimistas seja a criação de vida humana a partir de materiais inanimados. Não se pode duvidar da influência que a tradição judaica teve neste aspecto, pois na cabala existe a possibilidade de dar vida a um ser artificial, o Golem.

O conceito do homúnculo (do latim, homunculus, pequeno homem) parece ter sido usado pela primeira vez pelo alquimista Paracelsus para designar uma criatura que tinha cerca de 12 polegadas de altura e que, segundo ele, poderia ser criada por meio de sémen humano posto em uma retorta hermeticamente fechada e aquecida em esterco de cavalo durante 40 dias. Então, segundo ele, se formaria o embrião. Outro Alquimista famoso que tentou criar homúnculus foi Johanned Konrad Dippel, que utilizava técnicas bizarras como fecundar ovos de galinha com sêmen humano e tapar o orifício com sangue de menstruação.

Podemos observar que esta idéia dos alquimistas ficou profundamente marcada na consciência da humanidade, e tem aparecido regularmente no imaginário popular, na forma de monstros artificiais, como no anime/mangá Fullmetal Alchemist ou Ragnarok, e no mais famoso deles, Frankenstein (obra literária de Mary Shelley).

No entanto, também é possível que o homúnculo seja quer uma alegoria, quer uma interpretação demasiado literal das imagens alegóricas alquímicas respeitantes à criação, pela Arte, de novas entidades minerais, sejam elas objetivos finais ou intermédios. Essas imagens comportam, muitas vezes, a representação de um ser emblemático, humano, animal ou quimérico, numa retorta.

[editar] Legado alquímico à era presente

[editar] Contribuição à ciência moderna

A alquimia medieval acabou fundando, com os estudos sobre os metais, as bases da química moderna. Diversas novas substâncias foram descobertas pelos alquimistas, como o arsênico. Eles também deixaram como legado alguns procedimentos que usamos até hoje, como o famoso banho-maria, devido a alquimista Maria, a Judia, considerada fundadora da Alquimia na Antiguidade; a ela atribui-se também a descoberta do ácido clorídrico. Ironia do destino, o desejo dos alquimistas de transmutar os metais tornou-se realidade nos nossos dias com a fissão e fusão nuclear.

A psicologia moderna também incorporou muito da simbologia da alquimia. Carl Jung reexaminou a simbologia alquímica procurando mostrar o significado oculto destes símbolos e sua importância como um caminho espiritual. Mas com certeza a maior influência da alquimia foi nas chamadas ciências ocultas. Não há ramo do ocultismo ocidental que não tenha recebido alguma idéia da alquimia, e que não a referencie.

No entanto, os alquimistas tradicionais, "metálicos", continuam a existir e agora apresentam os seus trabalhos na Web, em sites, forums e blogs, incluindo fotografias das substâncias necessárias ou que vão obtendo, ou dos seus equipamentos, bem como os seus próprios comentários à obra de outros autores, clássicos e contemporâneos.

Acima de tudo, a alquimia deixou uma mensagem poderosa de busca pela perfeição. Em um mundo tomado pelo culto ao dinheiro a à aparência exterior, em que pouco o homem busca a si próprio e ao seu íntimo, as vozes dos antigos alquimistas aparecem como um chamado para que o homem reencontre seu lado espiritual e superior; ou a que, na mais simples das análises, tenha um qualquer objectivo na vida, ainda que longínquo, através do viver uma aventura que se pode cumprir numa divisão esquecida da casa.

[editar] Influência na cultura popular

Hoje em dia, a alquimia está voltando a se evidenciar no dia-a-dia das pessoas com best-sellers como Fera Ferida, Harry Potter, O Alquimista , O Código da Vinci e Full Metal Alchemist. Tem, também, citações em Orychi

Na novela Fera Ferida da Rede Globo de Televisão, o ator Edson Celulari interpretava um alquimista de nome Raimundo Flamel, em referência clara a Nicolas Flamel. Em Harry Potter e a Pedra Filosofal, o famoso alquimista Nicolas Flamel é evidenciado como descobridor e possuidor da Pedra Filosofal, em estudos em conjunto com o diretor Albus Dumbledore e nos livros aparece com 667 anos. Em O Código da Vinci ele é evidenciado como grão-mestre do Priorado de Sião, uma organização que tem como objetivo a proteção do Santo Graal e dos descendentes de Jesus Cristo. Paulo Coelho, o escritor brasileiro de maior sucesso internacional, também estudioso da alquimia, publicou vários livros que falam sobre o tema, especialmente O Alquimista, Brida, As valquirias, dentre outras obras onde temas da alquimia aparecem implícitos. Já a série japonesa Full Metal Alchemist, narra a estória dos irmãos Edward Elric e Alphonse Elric, que depois de perderem o braço direito e a perna esquerda, e o corpo (respectivamente, Edward e Alphonse) partem em busca da Pedra Filosofal, a única capaz de recuperar o que foi perdido. Durante a série, diversas referências são mostradas, como Van Hohenheim, antigo alquimista, que no anime é o pai dos garotos.

[editar] Ordens esotéricas tradicionais

Ordre Kabbalistique de la Rose-Croix (OKRC).

[editar] Algumas das principais obras de alquimia

Em língua portuguesa (contemporâneas)
  • Discursos e práticas alquímicas - I e II, Lisboa, Hugin/CICTSUL, 2001(e 2002).
  • ANES, José Manuel, Re-creações Herméticas, vols. I e II, Lisboa, Hugin, 1º. ed. 1996, 2ª. ed. 1997(e 2004) - entre outras obras de relevo sobre alquimia, do mesmo autor.
  • SADOUL, Jacques, O tesouro dos alquimistas, São Paulo, Hemus. (várias edições)

[editar] Ligações externas

Commons
O Commons possui multimídias sobre Alquimia
Wikipedia-pt-hist-cien-logo.png Portal de história da ciência. Os artigos sobre história da ciência, tecnologia e medicina.
Portal A Wikipédia possui o
Portal do Ocultismo
Em outras línguas

Notas e Referências

  1. [1]
  2. Pauwels, Louis; Bergier, Jacques. in: O Despertar dos Mágicos (fr:1960, pt:1982 Difel)